Empresas de asseio e conservação estão prontas para a retomada integral das atividades

Demora no retorno à normalidade pode fechar empresas e prejudicar até trabalhadores com emprego

 

Levantamento do SINDASSEIO RS – Sindicato das Empresas de Asseio e Conservação do Rio Grande do Sul – revela que o setor está pronto para a retomada integral das atividades, que vão desde a volta às aulas até a reabertura plena dos shoppings centers.

Apesar de mais de 20% dos trabalhadores estarem afastados por fazerem parte de grupos de risco, as empresas têm condições de voltar a operar integralmente imediatamente.

No entanto, caso a retomada demore além do mês de maio, as dificuldades, que já são grandes, deverão se agravar. As 1.200 empresas que atuam no Estado, com 65.761 empregos diretos (dados de 30.04.2020) fizeram todos os ajustes possíveis e autorizados pela legislação e agora precisam voltar a trabalhar normalmente, sob pena de não terem fôlego para os próximos meses.

Além disso, há peculiaridades do setor que devem ser observadas. As empresas anteciparam férias, como foi autorizado em Medida Provisória, mas isso quebrou o fluxo de caixa, já combalido devido aos 13,6% de queda no faturamento, e a capacidade de substituição. Passadas as férias, os trabalhadores do grupo de risco retornaram e agora não há o que fazer.

O presidente do SINDASSEIO RS, Ricardo Ortolan, observa que as medidas para preservação de empregos disponibilizadas até o momento foram bastante eficazes mas já atingiram seu esgotamento. Mesmo a suspensão dos contratos de trabalho não está sendo uma solução viável. “Muitos dos trabalhadores do nosso setor ou são aposentados ou recebem algum tipo de benefício e poderiam perder parte relevante de sua renda”, diz Ortolan.

Conceder novas férias, antecipando ainda mais, pode prejudicar principalmente os empregados que terão que trabalhar até três anos para ter direito a um novo período regular de descanso. “Somente a retomada das atividades trará um pouco de segurança para todos, empregados e empregadores”, salienta o presidente.

As escolas paradas são outro fator preocupante ao SINDASSEIO RS. Com quase 60 dias sem aulas um número expressivo de trabalhadores terceirizados que atuam na limpeza, manutenção e zeladoria nestas instituições estão parados. Enquanto isso, as empresas seguem arcando com os encargos trabalhistas, sem saber quando e se vão receber. “Algumas escolas, tanto públicas como privadas, já cancelaram contratos, pois estão na mesma indefinição”, observa Ricardo Ortolan.

Por fim, trabalhadores com mais de 60 anos, principalmente em serviços de portaria e que fazem parte do grupo de risco, e ascensoristas estão totalmente na incerteza. A OMS – Organização Mundial da Saúde – recomendou que apenas uma pessoa por vez use o elevador, sem auxílio de ninguém.

Há ainda o novo decreto estadual com restrições de funcionamento que limitam a até 50% a quantidade de funcionários em um mesmo estabelecimento, sem distinções sobre o tipo de atividade ou condições de segurança do trabalho oferecidas.
A atividade de Asseio e Conservação possui diversos locais onde os serviços são prestados por apenas um profissional, não há como dividir este profissional ao meio.

O presidente do SINDASSEIO RS afirma que são muitas as dúvidas e indefinições. “Esperamos ser surpreendidos, mas nossa estimativa é que ao final do ano, com gratificação de férias, 13º salário e o acúmulo das obrigações tributárias que tiveram seus vencimentos prorrogados, muitas empresas, especialmente as de pequeno porte, não vão sobreviver, desempregando milhares de pessoas”, projeta Ortolan.

O setor de asseio e conservação é o maior empregador de mão-de-obra de baixa escolaridade, garantindo renda para pessoas que teriam dificuldade de colocação num mercado de trabalho que exige cada vez mais capacitação e qualificação.